CULTURARTE

Este é um espaço virtual dedicado a discussões sobre manifestações artísticas e cultura em geral. De início serão postados textos, notícias, notas, contos que escrevi há algum tempo. Nas próximas semanas serão postados outros textos com discussões comtemporâneas. Comentem!!!! Espero que gostem. Abraço Saulo

terça-feira, dezembro 18, 2007

Samba: Do Popular ao Nacional


O violão de sete cordas fala baixinho, num timbre aveludado. O cavaquinho chora de alegria. O surdo marca o compasso; firme e seguro. O pandeiro e o tamborim passeiam pela linha melódica, cada qual a sua maneira, já a cuíca grita tímida, tudo isso na mais perfeita harmonia. Não há quem consiga ficar parado. As cabrochas dançam e os malandros se animam. É inexplicável. É samba.
Em fevereiro de 2007 comemoraram-se os noventa anos da gravação de "Pelo Telefone". Registrada por Ernesto dos Santos, o Donga, a música "Pelo Telefone” acabou se tornando o marco oficial do surgimento do mais importante gênero musical do país.
O samba nasceu popular. Popular e proibido. Ai de quem fosse pego andando pelas ruas com um pandeiro ou violão. Que o diga o percussionista João da Baiana...
As raízes do samba se confundem com as raízes da música popular brasileira. O gênero bebeu e tem influência de ritmos e estilos musicais do séc. XIX como a modinha, o lundu e o maxixe, e da umbigada e do jongo trazidos pelos negros da mãe África.
Foi nos casarões das Tias Baianas, na periferia do Rio de Janeiro dos anos mil e novecentos, que o samba começou a engatinhar. Esses sobrados funcionavam como importantes centros culturais. Há relatos de festas que duravam dias, principalmente na casa de Tia Ciáta, a mais famosa delas. Enquanto se tocava choro (ritmo bem quisto pela Burguesia carioca) na sala principal, na cozinha a batucada rolava solta.
Na década de 30, com a criação das tradicionais escolas de samba cariocas, o aparecimento do primeiro veículo de comunicação de massa do país, o rádio, e o novo projeto para o Estado Brasileiro implantado por Getúlio Vargas - que visava valorizar a cultura popular, o mestiço e a brasilidade - “o nosso samba, humilde samba foi de conquistas em conquistas”, de manifestação popular, restrita ao mundo dos negros e da população periférica, se tornou símbolo da Cultura e Identidade Nacional.
Infelizmente, a não ser durante o carnaval, o samba não ocupa espaço significativo na grande mídia. Mas ainda há esperança, cada vez mais, grupos, músicos, bares e casas noturnas, abrem espaço para o samba, e com otimismo, um novo capítulo vem sendo escrito na história do gênero.


Originalmente publicado com o Título "O Samba que veio do Terreiro" na revista Café com Papo (projeto de extensão do curso de Comunicação Social da Universidade Federal de Viçosa)