CULTURARTE

Este é um espaço virtual dedicado a discussões sobre manifestações artísticas e cultura em geral. De início serão postados textos, notícias, notas, contos que escrevi há algum tempo. Nas próximas semanas serão postados outros textos com discussões comtemporâneas. Comentem!!!! Espero que gostem. Abraço Saulo

quarta-feira, maio 31, 2006

Adaptações: Livro X Cinema


Com a estréia de "Código Da Vinci" nas salas de cinema de todo Mundo, e a posterior avalanche de críticas de especialistas e do público, vem a tona uma questão muito importante: a qualidade das adaptações cinematográficas baseadas na literatura.

Literatura e cinema possuem características bastante diferentes. A primeira, além de proporcionar o enriquecimento do vocabulário, incita a imaginação, desenvolve a criatividade e produz uma "subjetividade" na absorção e no entendimento de uma obra. Por exemplo: a Macondo* idealizada por mim, é diferente da de um leitor italiano, e até mesmo do próprio Garcia Márquez.

Já o cinema pertence ao universo multimídia. É um meio áudio-visual que permite a visualização de caracteres que nos livros são visualizados através da imaginação. Dessa forma, a subjetividade não é tão explorada.

Adaptações e filmes baseados em obras literárias, sempre vão produzir comentários como: "O livro é melhor". Na maioria das vezes não concordo com essa afirmativa. As linguagens desses dois produtos são diferentes. Até mesmo em "Código Da Vinci" existe essa diferença. O único ponto em que o livro e o filme se aproximam é na busca pelo lucro. Dan Brown não passa de um Paulo Coelho "out from Brazil", e o filme dirigido por Ron Howard , apesar de bem amarrado, já está gerando milhões de dólares em bilheterias.

Saulo Pedrosa da Fonseca Rios
*Vide Cem Anos de Solidão. Gabriel Garcia Márquez

terça-feira, maio 30, 2006

Confidências de um Inconfidente em Ouro Preto


Certa vez em Ouro Preto, em um bar chamado Barroco, conhecido por sua saborosa coxinha, e a melhor pinga com mel da região, ponto de encontro de estudantes, turistas, nativos e palco para situações inesperadas, de fato um pequeno manicômio na rua direita, onde seus frequentadores podem usufruir de um momento de loucura inesquecível, aconteceu um fato no mínimo... interessante.

Em uma noite de Sexta – Feira, bar lotado, muita fumaça, muito calor, muito barulho; eu e um amigo discutíamos sobre música, filosofia, mulheres; enfim, sobre tudo, como costumávamos fazer sempre quando nos encontrávamos ali.

Depois de algumas cervejas e três (ou seriam quatro) doses de pinga com mel, uma figura estranha entrou no bar. Engraçado, ele me lembrava alguém. Mas quem? Vestia calça de malha azul, camisa branca, coturno. Tinha os cabelos longos, barba feita, e o mais engraçado, andava com uma espada de madeira presa a sua cintura. Cutuquei meu amigo e disse: "Olha o cara". Rimos muito. Pessoas estranhas frequentavam o Barroco, mas igual a este sujeito nuca tínhamos visto. Olha que não era nem carnaval!

Ele entrou, todo mundo olhou, uma com mel ele solicitou, no balcão ele trepou, e logo seu discurso começou: "Oficial feio e espantado, malvado, fraco talento, pobre sem respeito, não, isto não. Mas louco; louco sim. Quem não é louco (As pessoas escutavam atentas, nunca houve tal silêncio naquele bar)? Todos os grandes homens e mulheres da história se reservam o direito de serem loucos. Picasso era louco, Glauber era louco, Vinícius e Sócrates também. Claríce era louca, Maria I e Sinhá Olímpia eram também. E eu Tiradentes sou louco. Louco por liberdade e pelos meus sonhos".

As pessoas se levantaram e entre aplausos e assobios, "Tiradentes" agradeceu, pulou do balcão deu uma golada na sua pinga com mel e foi embora.

Cutuquei meu amigo de novo e falei: "Olha o cara". E rimos muito!

Saulo Pedrosa da Fonseca Rios